sexta-feira, janeiro 30, 2009

Preparação para vencer



Escutei essa frase há um tempo atrás, do Gabriel Mozzini, na hora não dei muita atenção para a frase, mais para o contexto onde ela estava. Segundo o Gabriel, ela estava (está) escrita na piscina do mega medalhista olímpico Michael Phelps (que ganhou sozinho mais medalhas de ouro que o Brasil, durante os jogos de Pequim). Outro dia vi ela de novo e fez todo o sentido para mim. Bien, vale a reflexão.
"When the time to perform arrive,
the time to prepare has passed"


quarta-feira, janeiro 21, 2009

La casa de la mujer

Muita gente me pergunta o que, diabos, eu estou fazendo aqui no Chile. Para muitos já respondi com longas explicações, diagramas e metáforas e, para outros, apenas digo que estou trabalhando em "La Casa de La Mujer". E no fim, as duas coisas estão certas, uma com mais riqueza de detalhes e a outra, nem tanto.

Para, então, entregar um entendimento mais equânime entre meus leitores e amigos. Dou uma explicada rápida no que estou fazendo e posto, para os mais interessados, um vídeo que fala sobre o que é o projeto e o trabalho que estou realizando.

Um projeto. É isso. Um projeto baseado em intercâmbio e desenvolvimento de responsabilidade social corporativa, nossa famosa e amiga CSR, do inglês, Corporative Social Responsability. Isso é desenvolvido pela AIESEC - uma organização mundial de jovens universitários que visa o desenvolvimento da liderança através de intercâmbios profissionais, mais interessados, basta dar uma clicada aí encima e fuçar até ver se te interessa ou não. A organização, de uns tempos para cá, vem apostando no desenvolvimento de intercâmbios que impactem de uma maneira positiva a sociedade, entregando, assim, os tão desejados agentes de mudança, protudo final do desenvolvimento que a AIESEC proporciona. Bem, eu estou nesse barco agora. Meu trabalho consiste em entregar mais capacitação para mulheres da cidade de Lota, região metropolitana de Concepcion.

A história de lota é bastante marcada pela pobreza e exploração do povo. Um povoado que se desenvolveu em função de uma mina de carvão que tinha ali. Como toda a mina, era insalubre e oferecia condições terríveis de trabalho. Essa mina - a título de curiosidade - é uma das únicas do mundo que vai para dentro do oceano, isso é, a escavação levou para o lado do mar e o risco de um desabamento é super presente. Atualmente, as minas não passam de ponto turístico, pois foram fechadas em 1997 e, de lá para cá, o povo de Lota teve que buscar novas formas de ganhar a vida. Como os homens caíram em uma depressão profunda, pois, para os Chilenos, tirar o emprego é como tirar a virilidade, chegou a hora das mulheres arregaçarem as mangas e ganharem o sustento para casa. Nesse contexto, nasce o trabalho da Casa de La Mujer. Uma organização não governamental, que se fundou com o propósito de oferecer qualificação técnica e apoio as mulheres de Lota, na formação de seus próprios negócios e orientações para uma vida com mais direitos.

O trabalho desenvolvido pela ONG é muito bem organizado e ela é bastante reconhecidad dentro da comunidade. É ponto de referência para as mulheres e as pessoas que ali trabalham fazem isso com grande paixão. Atualmente, são oferecidos cursos de capacitação em diversas áreas, com oficinas de cerâmica, costura e culinária, além disso, há apoio psicossocial e outras atividades de acompanhamento e desenvolvimento. O meu trabalho é junto a um fundo de empréstimos. Eu devo prover formação e capacitação na área financeira e de vendas. Palestras, seminários e acompanhamento de negócio de 15 mulheres empreendedoras. Enfim, está sendo muito legal, mas o tempo é curto e eu trabalho só três vezes na semana, tenho que correr para fazer todas as coisas.

Bueno, quem quer saber mais, pode olhar o vídeo.







terça-feira, janeiro 20, 2009

as 7 coisas vezes 7

Andei dois séculos fora, eu sei. Mas estava curtindo uma trip de nove dias por Santiago, Viña e Valparaíso. Mais depois falo de tudo isso. Por enquanto só quero dizer que foi ótimo e que já estou levando boas lembranças do Chile, só por isso.

Maior piscina do mundo. Um dos lugares para conhecer em Viña del Mar

Bem, a minha amiga-blogueira-louca-bruxa-gênia, Vanessa Nogueira, me mandou um desafio de listar as 7 coisas sem as quais eu não viveria por nada nada desse mundo. Sei que faz dias, amada, mas só agora estou tendo tempo de dar atenção a um desafio tão importante. Resolvi pensar bem para não cometer nenhum erro.

Bem, abaixo vai minha lista com algumas considerações relevantes.

1 - Liberdade - não sei se vivo realmente a assepcia do termo, mas sinto que quando estou preso sou mais triste e desgraçado, por isso coloco isso na lista.

2 - Minha família - amo muito minhas irmãs, meu irmão e minha mãe e, claro, toda a tribo de sobrinhas. Sem eles, não poderia.

3 - Alegria - sorrir diante dos problemas é uma arma para mim. Refaço qualquer parada com meu puro bom humor e minha fina ironia. Já teve vezes que tentei ser menos debochado e irônico, mas, não sei, acho que isso está longe dos meus genes.

4 - Aprendizado - acho que não vivo um dia sem aprender coisas novas. Para mim, a vida é aprendizado, quando eu parar de aprender, vou morrer!!!!!! (incluo aqui na coisa do aprendizado a leitura, pois é um negócio que gosto muito, muito, muito)

5 - Amigos - eu não seria Marcelo Cordeiro, sem eles. Tem um punhado, que amo pra caralho.

6 - Comida - amo comer bem, esses tempos no Chile podem dizer como estou sofrendo....me dou a liberdade e incluo nesse item o café. Adoro café.

7 - Dormir - bom, isso é uma função biológica, mas para mim, é algo maravilhoso e que não atrapalha nenhuma alma viva. É ótimo.

Bem, como o desafio é passar isso para outros blogs, ai vão os que eu quero que participem:




quarta-feira, janeiro 07, 2009

Mais coisas por aqui

Irmãos e irmãs, vamos dar as mãos agora e começar a oração. Não, não é por aí que quero caminhar, então vamos começar a peroração. Sempre quis usar essa palavra em um texto e o momento chegou. Peroração.

A vida no Chile vai indo tranqüila. Não tão tranqüila, pois mudei de casa, tenho uma conferência para ir nos próximos dias, onde vou falar só em inglês e facilitar uma das sessões o que já me deixa com o cabelo em pé, pois ontem encontrei uma menina que esteve no Brasil e começou a falar português comigo e eu comecei a esquecer as palavras. Mas isso acontece com quase todo mundo numa situação de intercâmbio.

Brasileiros

Semana passada chegou mais uma brasileira por aqui, para trabalhar numa ONG também. A Mariana não é a típica brasileira, vem de Floripa, é loira e pequenininha, passa tranqüilo por alguém de outra nacionalidade, mas o Brasil é assim, cheio de diversidade. No mesmo dia, chegou um argentino, o Andrés e, hoje, uma costa-riquenha, na sexta chega outro menino do Brasil e, assim, o grupo de estrangeiros vai aumentando e nós vamos poder sair mais, ver mais coisas e poder ter mais tempo juntos, já que o pessoal da AIESEC está sempre estudando e tudo mais.


Praias


Conheci já diversas praias que ficam
na volta de Concepcion. Não tinha gostado de nenhuma até então. Todas com uma areia feia, água escura e fria e lotadas de gente, parecendo mais um piscinão de ramos do que um paraíso idílico. Até ontem.

Fui numa praia que fica na cidadezinha de Tomé, pertinho de Conce, uma praia linda, o sol estava ótimo, mas, me
smo assim, a água é composta por um glaciar derretido de tão fria, impossível de se banhar, ao menos que você queira pegar uma peneumonia. Eu não me arrisco (sem falar que não sei nadar, o que piora e muito as coisas). Então fiquei na beira, tomando uma água e molhando os pezinhos. Foi muito bom, consegui pegar uma cor e uma insolação nos meus pés, pois foi o único lugar que esqueci de usar bloqueador. Uma coisa é verdade, nem os chilenos gostam muito da água - quando a gente reclama que é fria, eles desconversam e dizem que, não, que é ótima. Mas são poucos os que se arriscam nesse mar da sibéria, a grande maioria vai para praia só para comer. Se matam comendo diante do imenso pacífico. Tudo bem, há quem goste de ter areia em seu prato, très chic.

Ano Novo

O ano novo foi muito chato, na verdade. Eu esperava ir para Viña, que dizem ter o ano novo mais power do Chile. Não rolou. Daí planejei ir para o sul, mas por falta de ter onde ficar, acabei não indo também. Fiquei super de cara, comprei uma garrafa de vinho braço, concha y toro, por R$9,00 (algo que no Brasil sairia uns R$25) e tomei um trago de vinho, depois da ceia, que não chegou nem perto da ceia que temos aí na família no Brasil.

Enfim, o ano novo desse ano, confirmou minha teoria de que é só um dia a mais, que se muda de ano. Não há o que comemorar. Mas que é bom comemorar, isso é.


Natal

O natal foi mais legal (ih, rimou). Comi uma comida típica Chilena e ganhei um mate – com bomba e cuia – da família onde estava. Isso foi bem legal, pois já tava sentindo falta do chimarrão. Nunca fui muito viciado, mas toda semana tomava, pois minha irmã Ione sempre toma e eu chegava na porta da casa dela e dizia: me dá uma MATI. Então agora vou poder tomar um mate tranqüilo também nos fins de tarde aqui no Chile. Tudo bem, é mate chileno, mas é mate. Até erva como a nossa se encontra por aqui, então, estou em casa.

A comida Chilena

Batata frita, uma das coisas que é melhor no chile que no Brasil

Bem, como eu já disse, a comida é um caso a parte, mas vou falar do que eu achei. A comida não é boa como no Brasil. Aí temos mais diversidade, se come muito melhor por muito menos. Principalmente, no Rio Grande do Sul, onde a carne é mais barata. Eles têm uma cozinha pobre, à base de batata e pão. Se come muita batata, dia e noite, noite e dia. Carne também não faz muito parte da dieta, se come uma ou no máximo duas vezes na semana. Para mim, que sou meio viciado em carne, se torna complicado, mas estou me saindo bem. No restaurante da universidade, onde almoço, sempre há algo para matar as bixas.

Os horários das refeições também são bem diferentes do Brasil, uma herança dos espanhóis, que comiam diferente dos portugueses. Aqui se toma o café da manhã as 11/12 horas, s
e almoça por volta das 3/4 da tarde e se janta – quando se janta – as 10/11 da noite. Bastante diferente.

Os chilenos são frugais, sempre se come um amido, uma carne (talvez) e alguma salada. Não é o supra-sumo da variedade, mas é bom e alimenta. As comidas chilenas não são muitas, eles disputam com uma meia dúzia de países a autoria dos pratos que se preparam por aqui, como é o caso das empanada, que os argentinos juram sobre tortura que foram eles que criaram, mas os chilenos não arredam pé de que são eles os donos absolutos da iguaria. Eu não sei.

Única coisa que, pelas minhas pe
squisas, parece ser chileno mesmo é o tal de curando, um ensopado com diversos tipos de carne. Comi isso no natal e, confesso, no começo não estava muito disposto, pois me pareceu um mexidão com galinha, carne de gado, porco, salsicha e – uns suspeitos – mariscos. Se cozinhou tudo, com um pouco de vinho, sal e cebola, e se comeu. Não era tão mal, é verdade, mas também, para meu paladar não pareceu nenum supra-sumo. É um entrevero que mata a fome, e nada mais. Bem, outro dia conto mais. Ainda tem a história da salsoteca, da capeira e da conferência.

Quem viver. Verá.
Curanto: o ensopado chileno

PS: credo, nesse post eu dei uma de Andrieli - bejo para ti linda.

domingo, janeiro 04, 2009

Novidades em pedacinhos

Inspiração para o homem-bomba-chileno

No primeiro dia do ano, escutei na rádio uma notícia que me deixou um pouco pensativo. Um homem, de vinte e tantos anos, de uma comuna próxima de onde estou vivendo, resolveu celebrar o ano novo de uma maneira diferente, e decidiu que essa era a data perfeita para cometer um suicídio memorável. Enquanto todos comemoravam 2009, aventando seus sonhos e desejos para o ano nascente, o barulho da explosão se sumiu no meio da multidão de fogos de artifício e gritos de benesses dos da população em geral. O jovem começou 2009 com uma banana de dinamite na boca. Da detonação do explosivo, na pequena casa que compartia com meia dúzia de familiares, restaram apenas as paredes de cobertas por uma manta espessa de órgãos, sangue e tripas.

Isso me deixa muito revoltado, quando penso a que ponto chega a loucura do mundo. No Chile, como em boa parte do mundo, impera um desejo de desenvolvimento descontrolado, que nos enlouquece da manhã a noite. É um país de industrialização tardia e, assim como nós, corre atrás dos anos perdidos para estar entre os países emergentes-e-industrializados da nova era. Isso reconfigurou, com o passar do tempo a cultura chilena, que antes do golpe militar de 73 era um país pobretão, agrário e rústico. Hoje a economia é mais robusta, é um país basicamente atravessador, compra da américa latina e vende - com uma pequena comissão - para os tigres asiáticos e outros mais.

O Chile é o país que mais participa de acordos e tratados de livre comércio na américa latina e isso deu a ele uma importância estratégica. O nível dos impostos é mais baixo que no Brasil. Para se ter idéia, um litro de gasolina aqui sai por menos de R$2,00, enquanto no Brasil, um país que é "quase" auto-sustentável no que se trata a petróleo, pois temos a gigantesca pretrobras nas mãos do governo o preço chega a escandalosos R$2,80.

Outra hora contos boas notícias, e são muitas, fui na salsoteca, tive algumas experiências culinárias, no mínimo, exóticas, e vou começar a fazer capoeira, mas isso dá outro post.