quinta-feira, abril 17, 2008

De volta às palavras

Como faz muito tempo que não escrevo, nem sei bem direito por onde começar. Já vem aí quase um mês de abandono e milhares de assuntos assomam minha mente na intenção de se manifestar nessa página. Bem, vou eleger então o tema da bagagem, como tópico principal dessa conversa com você. Vamos lá, puxe o banquinho para mais perto, leve a mão até o queixo e preste muita atenção que o titio Marcelo vai começar.
Sempre pensei nas pessoas como trens. Trem mesmo, com uma locomotiva na frente e um número grande de vagões, com diversas coisas escondidas e guardadas, que, às vezes, nem o maquinista conhece direito. Gostou da metáfora? Ela parece boba, mas é bem profunda. Dá pra ouvir até o eco, de tão profunda. Quando encontramos alguém, e nossas locomotivas se topam, não passamos da superfície. Só conseguimos ver o que está na frente, aparente, ignoramos de forma efetiva toda a história, os anseios, os conhecimentos e desejos das outras pessoas. Não somos sábios para ouvir e nem para observar o que de sagrado cada um carrega.
É só o tempo – e olhe lá – que nos leva a conhecer melhor alguém. A convivência a partilha diária de nossas escatologias é que nos levam ao conhecimento profundo. Precisamos aprender a conhecer a bagagem de cada um, mas não entrar de maneira violenta. Temos que ir aos poucos, procurando, aprendendo, buscando. Revirando devagarzinho, assim como a maria-fumaça que se move na lentidão das colinas e vales. Conviver é uma descoberta. De dias e anos, somados. Se demoramos tanto tempo para nos autoconhecer, imagina conhecer o outro. Precisamos de uma viagem muito longa.